Movimento pela liberação de jogos de azar cresce de olho em incremento bilionário no turismo do país

Movimento pela liberação de jogos de azar cresce de olho em incremento bilionário no turismo do país

O longo período de proibição dos chamados jogos de azar no Brasil, cerca de 77 anos, acabou rotulando a prática como uma questão moral, a exemplo do aborto, união homoafetiva e das drogas. Além disso, questões religiosas, políticas e ideológicas acabam também contaminando o debate sobre a legalização da atividade no país. 

Entretanto, a legislação proibitiva não alterou o cenário de ilegalidade do jogo no Brasil, que movimenta, anualmente, em apostas clandestinas mais R$ 19,9 bilhões com o jogo do bicho (R$ 12 bi), bingos (R$ 1,3 bi), caça-níqueis (R$ 3,6 bi) e apostas esportivas e jogos pela internet (R$ 3 bi), segundo estudo do Portal BNLData em parceria com o Instituto Brasileiro Jogo Legal – IJL. 

E com o turismo ganhando espaço nos debates do novo Governo Federal, o movimento que defende a liberação dos jogos no Brasil também vem crescendo. O presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal, Magno José (foto), argumenta, com números, porque o país precisa avançar na discussão.

“O jogo legalizado movimenta cerca de R$ 14,5 bilhões – se somados os R$ 13,8 bilhões das loterias da Caixa Econômica Federal, R$ 400 milhões das Loterias Estaduais e R$ 300 milhões do turfe. Mais de 20 milhões de brasileiros jogam todos os dias no jogo do bicho e mais de 10 milhões em algum tipo de jogo pela Internet”, explica.

Esta semana, mais uma passo nesta direção foi dado no país. Isso porque, aconteceu o lançamento da Frente Parlamentar Mista pela aprovação do Marco Regulatório dos Jogos – coordenada pelo deputado Bacelar (Podemos-BA) e conta com o apoio de 198 deputados e cinco senadores. 

O Projeto de Lei 442/91 sobre a legalização dos jogos, que está pronto para ser analisado, permite um cassino por estado brasileiro que tenha até 15 milhões de habitantes. Em estados de 15 a 25 milhões de habitantes, seria permitido o funcionamento de dois cassinos. Já em estados com mais de 25 milhões de habitantes, que seria o caso apenas de São Paulo, seriam permitidos três cassinos.

“A iniciativa privada entende que a aprovação dos jogos contemplaria o desenvolvimento de diversas regiões. Poderia ampliar as atrações para o turista, deixá-lo ainda por mais tempo no país. Além de aumentar a circulação de brasileiros que jogam no exterior ou eletronicamente”, defende Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).

Ainda de acordo com ele, a liberação dos jogos também vão garantir uma maior geração de renda no país, criando mais de 400 mil novos postos de trabalho e renda. “Além de um incremento de mais de 200% no potencial turístico das cidades”, complementa Sampaio.

Números respaldam movimento

Entre os 156 países que compõem a Organização Mundial do Turismo, 71,16% tem o jogo legalizado, mas vale ressaltar que entre os 28,84% (45 países) que não legalizaram a atividade, 75% são islâmicos e tem a motivação na religião. Nem todas as nações islâmicas proíbem jogos, caso do Egito e Turquia, países de maioria islâmica, mas que permitem os jogos.

Entre os 34 países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento ou Econômico – OCDE, chamados de grupo dos países ricos ou desenvolvidos, apenas a Islândia não permite jogos em seu território. 

Entre o G20 – grupo de países que o Brasil pertence –, 93% das nações têm os jogos legalizados em seus territórios, sendo que apenas 6,97% ou três países não permitem: Brasil, Arábia Saudita e Indonésia. Vale lembrar que os dois últimos são islâmicos.

Ainda segundo Magno, não existe em nenhum país do mundo, experiência de sucesso, do ponto de vista social, econômico e da segurança pública, entre aqueles que optaram pela proibição do jogo ou simples afastamento do Estado no controle desta atividade. “O brasileiro não está proibido de jogar, o Brasil é que está impedido de arrecadar com os jogos”, resumiu.

Galvão

Galvão

3 comentários sobre “Movimento pela liberação de jogos de azar cresce de olho em incremento bilionário no turismo do país

  1. Muito boa matéria e que bem retrata o nosso atraso, uma vez mais, diante daqueles países que, em sua esmagadora maioria, contemplam os jogos como mais um segmento da economia local e um indutor em especial de um turismo qualificado. É inegável a contribuição dos jogos, dos cassinos, para o incremento dos fluxos turísticos nas suas diferentes modalidades. O Brasil está sempre a reboque dos ciclos econômicos. Não podemos esperar mais para dispormos de uma atividade econômica lucrativa capaz de rapidamente, alavancar emprego e renda em quantidades consideráveis. Não só o Rio de Janeiro mas o Brasil como um todo necessitamos rever nossas posições e olhar para o futuro sem preconceitos e logrando o necessário consenso para que venhamos a ter ainda no curso deste ano aprovação pelo congresso nacional da recondução dos jogos ditos de azar como contribuição para nossa economia.

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