Alergias respiratórias costumam ser mais intensas no outono

Alergias respiratórias costumam ser mais intensas no outono

Além das infecções de vias aéreas superiores, o tempo seco proporcionado pelo outono é a principal porta de entrada para as chamadas “ites”, como são conhecidas as alergias respiratórias, dentre elas rinite, sinusite e rinossinusite, gerando incômodo e mal-estar para crianças e adultos.

O outono traz com ele uma diminuição significativa das chuvas, principalmente no Sudeste. As ondas de frio mais intensas provocam queda considerável na temperatura, e o tempo mais seco atua como fator irritativo da mucosa nasal, contribuindo para o desenvolvimento de sintomas como espirros, coriza, obstrução nasal, coceira no nariz, tosse, falta de ar, e até dificuldades para dormir.

Entre as principais doenças deste período, é possível destacar a gripe, causada pelo vírus influenza – que faz o nariz escorrer e pode provocar dores de cabeça, ouvido, garganta, até febre –, e resfriados, causados por vírus dos tipos adenovírus, rinovírus e vírus sincicial respiratório.

De acordo com a otorrinolaringologista Cristiane Passos Dias Levy, o resfriado costuma ser mais brando que a gripe, porém, também pode provocar coriza, espirros, dor de garganta e conjuntivite.

Conforme a OMS, 35% da população brasileira sofre com algum tipo de alergia. Além das mudanças do clima, ácaros, pelos de animais de estimação, como gato e cachorro, fungos, mofo e até o pólen das flores podem desencadear uma crise alérgica respiratória.

“Trata-se de uma reação exacerbada do nosso sistema imunológico a substâncias com as quais o nosso organismo foi previamente sensibilizado”, explica a especialista.

Diferenças entre cada uma das “ites”

Rinite

É uma inflamação e/ou disfunção da mucosa de revestimento nasal, caracterizada por alguns sintomas, como: obstrução nasal, rinorreia (presença de secreção e corrimento nasal), espirros, prurido nasal e hiposmia (diminuição do olfato) induzida pela inalação de algum alérgeno, substância que provoca reação em certos indivíduos, tais como ácaros. 

“Para evitar as crises alérgicas, recomenda-se deixar os cômodos da casa e a roupa de cama bem limpos, para evitar acúmulo de poeira, e deixar entrar sol o máximo possível, além de realizar um tratamento adequado”, afirma a especialista.

Sinusite

É definida por dois tipos: a aguda, que geralmente decorre de um processo inflamatório iniciado no nariz e pode durar até 12 semanas, com desaparecimento completo após o tratamento; e a crônica, quando ultrapassa este período. Segundo a médica, a sinusite crônica pode apresentar um subtipo chamado polipose nasossinusal, quando a mucosa nasal e os seios da face têm predisposição à formação de pólipos. “Eles obstruem os óstios de drenagem dos seios nasais, favorecendo o acúmulo de secreções e infecção bacteriana”, explica.

Rinossinusite

O que parece ser uma junção das alergias anteriores, na realidade, trata-se de um processo inflamatório da mucosa da cavidade nasal e dos seios paranasais. 

“Essa resposta inflamatória representa uma reação a um agente físico, químico ou biológico (bacteriano, fúngico ou viral), mas também pode ser decorrente de mecanismos alérgicos”, destaca, acrescentando que “podemos ter um episódio de rinite isolado ou que pode estender-se para os seios da face, caracterizando uma rinossinusite”.

Cuidados importantes

Seja no verão, no outono ou em qualquer outra estação, ao perceber os sintomas, o primeiro passo é procurar um especialista, que pode ser um otorrinolaringologista, alergista ou imunologista. “Em casos mais graves, é recomendado buscar atendimento em um pronto-socorro o mais rápido possível”.

Pessoas propensas a alergias respiratórias devem evitar lugares fechados com muitas pessoas, mofo e cheiros fortes de produtos com química e poeira. 

“Para evitar as infecções de vias aéreas superiores, é importante manter a higiene das mãos e evitar o contato delas com os olhos, nariz e boca. Usar soro nasal e beber muita água para limpar diariamente o nariz também favorece o combate desses problemas”, finaliza a especialista.

Vício em descongestionantes 

Nariz entupido. Ao primeiro sinal, é comum recorrer ao uso de descongestionantes nasais para desobstruir as narinas e facilitar a passagem do ar.

Apesar de ser um medicamento bastante conhecido, seu uso contínuo e demasiado pode ser altamente prejudicial à saúde. Isso porque é possível que o paciente desenvolva vício em descongestionantes nasais, expondo o organismo a quantidades excessivas da substância e correndo o risco de sofrer complicações que, em casos graves, podem até levar à morte.

Por isso, este tipo de remédio — que é vendido sem prescrição — deve ser sempre usado sob supervisão médica e com prazo determinado. O vício em descongestionantes nasais deve-se ao efeito imediato que o medicamento tem sobre o corpo humano. 

“Ao pingar o produto no nariz, em cinco minutos o paciente está respirando bem. E todo mundo procura respirar bem. Mas é uma luta da classe médica pela necessidade de prescrição para a venda do remédio nas farmácias”, diz o otorrino Arnaldo Tamiso.

Galvão

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