12 anos da tragédia: mesmo com obras realizadas, ainda há outras a fazer
Hoje, 12, completam-se 12 anos da maior tragédia climática registrada no Brasil. Na madrugada de 12 de janeiro de 2011, a quantidade de chuva que caiu sobre a Região Serrana, provocou deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios que arrastaram casas, prédios e ceifaram mais de 900 vidas. Quase metade das mortes registradas na ocasião foram em Nova Friburgo, que amargou a perda de 442 vidas, oficialmente. Além de Nova Friburgo, também foram atingidas os municípios de Petrópolis, Teresópolis, São José do Vale do Rio Preto, Areal e Bom Jardim.
E, todas as vezes que ocorrem chuvas constantes, como neste verão, o alerta se acende. Isso porque, de acordo com a Defesa Civil do município, foram mapeadas 254 áreas pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), após a tragédia em 2011, que apresentam riscos de deslizamento, inundação, alagamento e, em alguns desses locais, ocorrem enxurradas devido à inclinação acentuada. Há, aproximadamente, 7.500 residências nessas áreas, ocupadas por cerca de 30 mil pessoas.
Há muito ainda a ser feito para prevenir e mitigar riscos de acidentes e perdas de vidas, em caso de chuvas volumosas. E também para recuperar estragos causados ainda pela tragédia, 12 anos depois.
Obras em andamento
De acordo com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, o investimento nas obras de contenções de encostas, que começaram em 2022, no município são orçadas em R$ 80 milhões e estavam dentro das intervenções consideradas, na ocasião da tragédia, como de alto e altíssimo risco. Estão sendo realizadas obras no bairro Jardinlândia, com custo de R$ 16,7 milhões, no Loteamento Floresta, licitada por R$ 3,5 milhões, na Vila Nova, por R$ 36 milhões e no Lazareto, em Duas Pedras, com valor de RS 8,9 milhões, além da obra de drenagem no centro da cidade, executadas por uma empreiteira contratada pelo Governo do Estado, para impedir os alagamentos em vários trechos sempre que chove forte, com custo de R$ 14,3 milhões.
Em 2022, foram executadas as obras de drenagem pluvial e pavimentação nas ruas Minas Gerais, parte da Avenida Conselheiro Julius Arp e Alameda José Walter Vogt, no bairro Bela Vista, com valor de R$ 4 milhões.
Obras já feitas
Desde a tragédia, muitas obras já foram feitas no município, como a construção do condomínio Terra Nova, no distrito de Conselheiro Paulino. No total, foram investidos cerca de R$ 292 milhões, com verbas estaduais e federais, para construção de 2.180 apartamentos. Com isso, mais de duas mil famílias foram retiradas de áreas de risco ou receberam um imóvel para morar, depois de ter perdido o que habitava na tragédia do fatídico 12 de janeiro de 2011.
O local foi escolhido pela prefeitura para realizar esse ano o projeto “Ressignificar”, por ser um símbolo de superação e que representa todos aqueles que sobreviveram ao histórico episódio. A ação acontecerá no próximo domingo, 15, a partir das 10h, no Terra Nova. Entre as atrações, apresentações artísticas, aulas de dança e música, show de mágica, tobogã, touro mecânico, cama-elástica e futebol de sabão, além da distribuição de pipoca e algodão-doce.
Obras de contenção de encostas também foram feitas em locais onde houve deslizamentos na tragédia, como Suspiro, Rua Cristina Ziede, alguns morros no distrito de Conselheiro Paulino, entre outros, além da canalização do Rio Bengalas.
Cooperação do Japão
O Governo Federal pretende construir a primeira barreira Sabo do Brasil em Nova Friburgo. uma ação governamental de cooperação Brasil-Japão. O bairro Duas Pedras foi a área escolhida para o projeto-piloto. Essa obra tem por objetivo proteger o prédio do Hospital São Lucas, a rodovia RJ-130 e os moradores de Duas Pedras, que moram abaixo da rodovia.
Essa intervenção consiste na construção de uma grande barreira de concreto na encosta do Hospital São Lucas para reter sedimentos (rochas, terra e árvores) que possam ser carreados sempre que houver fortes chuvas. De acordo com a Prefeitura de Nova Friburgo, atualmente, está sendo feita a execução do projeto e a previsão é que a obra seja iniciada no ano que vem.
A Voz da Serra