Aumentam casos de trombose, depois da infecção por Covid-19

Aumentam casos de trombose, depois da infecção por Covid-19

Depois de 2020 e da pandemia de Covid-19, temos percebido o aumento do número de casos de trombose. A maioria das pessoas tem algum parente ou conhecido que teve a doença. Esse dado é confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde, que informou que o Hospital Municipal Raul Sertã detectou um aumento de internações e busca por assistência para casos de trombose, mas ainda não dispõe de números específicos relativos à doença. Em nota, a pasta informou ainda que alguns casos, inclusive, serão levados para investigação, principalmente os quadros mais raros, para apurar o motivo do acometimento.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, está comprovado que a Covid-19 é uma doença que pode começar no sistema respiratório e depois migrar e complicar outras áreas do corpo. A infecção pelo coronavírus pode despertar uma inflamação exagerada que pode atingir o corpo todo. 

“De forma simplificada, podemos dizer que em resposta a esse processo inflamatório, é ativada, então, a ‘cascata de coagulação’”, explica a entidade. Por isso as pessoas contaminadas pela Covid podem ter mais chances de desenvolver trombose. Mesmo depois de passado o período da infecção estão mais suscetíveis a problemas vasculares.

E os números são surpreendentes: Segundo a entidade, quem teve Covid, tem 16,5% de risco de desenvolver trombose. O tabagismo é o segundo fator de risco, com 0,18%, seguido do uso de pílula anticoncepcional, com 0,05%.

Ainda segundo a Sociedade de Angiologia e Cirurgia Vascular, em relação às vacinas contra a Covid, os riscos não são maiores que os de outros fatores, como o tabagismo e o alcoolismo. A vacina Astrazeneca oferece 0,0004% de risco para trombose e a Janssen 0,0001%, de acordo com a entidade. 

Para a  Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, os benefícios da imunização são muito superiores aos riscos.

O que é trombose?

A cirurgiã vascular Simony de Sousa Pereira Maiolini explica que a trombose venosa profunda ( TVP) caracteriza-se pela presença de um coágulo dentro de uma veia, sendo mais comum nos membros inferiores do corpo. 

“A formação do coágulo ocorre devido lesões nas paredes da veias (chamada lesão endotelial), estase (que é a dificuldade da circulação do sangue pela veia) e o aumento da viscosidade do sangue. O aumento do número de casos se dá pelo maior número de diagnósticos feitos, já que hoje, temos mais informações sobre a condição”, avalia ela.

Os fatores de risco para a trombose são diversos. “A TVP tem maior probabilidade de ocorrer em pessoas com fatores de risco como idade avançada, doenças genéticas familiares ou adquiridas (trombofilias), após cirurgias ou traumatismos, gravidez, imobilidade ou paralisia, câncer e quimioterapia, obesidade, viagens prolongadas, entre outros”, enumera a cirurgiã.

Trombose e câncer

De acordo com a Sociedade Angiologia, pacientes com câncer, principalmente em tratamento com quimioterapia também são mais sujeitos a casos de trombose. Uma pesquisa qualitativa revelou que os pacientes não prestam atenção quando o médico explica sobre a possibilidade de complicações vasculares e eventos trombóticos, devido ao impacto da notícia do diagnóstico com câncer.

No entanto, como segunda principal causa de morte em pacientes com câncer, o tromboembolismo venoso, que inclui tanto a trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP), requer cuidado e atenção constante.

A entidade alerta que pacientes com câncer podem ser beneficiados pelo acompanhamento com médico vascular e tratamento preventivo, já que o uso de anticoagulante oral pode reduzir os eventos trombóticos e proporcionar melhor qualidade de vida a esses pacientes.

Trombose e viagens

Pessoas que permanecem muitas horas em pé ou sentada, ou em viagens de avião e de carro, devem estar atentas para prevenir a  trombose venosa profunda. Para todas essas pessoas a Sociedade Angiologia e Cirurgia Vascular recomenda o uso de meias elásticas medicinais e caminhar 10 minutos a cada 50 minutos na mesma posição.

Sintomas e tratamento

As tromboses podem ter poucos sintomas, mas de maneira geral, se caracterizam por edema (inchaço) unilateral, dor no local, musculatura endurecida (empastamento da panturrilha) e diferença de volume entre as pernas. “O diagnóstico pode ser clínico por essas características, mas é preciso realizar exames complementares para avaliar a extensão e comprometimento das veias”, esclarece a médica.

O tratamento visa evitar o crescimento do trombo e seu deslocamento para os pulmões, podendo causar tromboembolismo pulmonar. “É feito com medicações anticoagulantes e outras medidas, com variações dependendo do caso e condições de saúde do paciente. A trombose é tratada em um período de 3 a 6 meses, na maioria dos casos, podendo ser prolongado ou até para vida toda dependendo do caso”, disse Maiolini.

Prevenção

A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular alerta sobre as formas de prevenção contra a trombose. A primeira delas é parar de fumar. A entidade também lembra da importância de ter um sono reparador; evitar ficar longos períodos na mesma posição, principalmente se for em pé; lidar bem com o estresse, que causa contrição das artérias; conhecer o histórico familiar e, em caso de trombose em familiares, procurar o especialista para investigação; ter uma alimentação saudável, priorizando frutas, verduras, legumes e carnes magras; e utilização de meias compressivas quando indicadas e prescritas pelo especialista.

A cirurgiã Maiolini acrescenta que a melhor forma de prevenção é evitar a imobilização. “A prática de atividades físicas é uma grande aliada na prevenção de TVP. Mexa-se”, recomenda.

Agosto Azul Vermelho

 Nesse mês é promovida a Campanha Agosto Azul Vermelho, uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular para informar a população sobre os cuidados com a saúde vascular e incentivar a prevenção e tratamento.

De acordo com a entidade, a escolha das cores Azul e Vermelho para representar o mês de cuidado com a saúde vascular, foi inspirada em como são geralmente representadas as veias (azul) e as artérias (vermelho).

Para a Sociedade de Angiologia, o ser humano tem a idade de suas veias e artérias. A entidade reforça que, quanto mais desobstruídas e lisas as veias e artérias, mais sangue, oxigênio, nutrientes e vida elas levam para tecidos e órgãos.

Além da trombose, há outras doenças vasculares, como as varizes e o Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Varizes

As varizes são veias permanentemente dilatadas, tortuosas e com função comprometida. De acordo com a Sociedade Angiologia,  afetam cerca de 15% da população adulta, sendo que acima dos 70 anos, cerca de 70% das pessoas apresentam varizes nas pernas.

Devido a alguns fatores como gestações e hormônios, como os anticoncepcionais e a reposição hormonal, as varizes são mais comuns na mulheres. É uma doença hereditária, ou seja, pode passar de pai, mãe ou avós para os filhos ou netos.

Outros fatores para o aparecimento das varizes são obesidade, sedentarismo, e ficar em tempo prolongado em pé ou carregar peso.

Os sintomas das varizes normalmente são dor ou desconforto nas pernas, principalmente no final do dia e após longos períodos em pé ou em dias mais quentes. Nos casos mais avançados, pode aparecer inchaço nas pernas, que se acentua com o passar do dia. Às vezes, podem surgir cãibras. No início do período menstrual ou um pouco antes costuma haver a piora dos sintomas.

As varizes dos membros inferiores podem ser tratadas com remédios, meias elásticas e procedimentos como a escleroterapia, laser e cirurgia. O tratamento com remédios, alivia a sensação de peso e cansaço nas pernas, bem como o inchaço. O tratamento clínico consiste, além dos medicamentos, mudanças de hábitos como a utilização de meias elásticas medicinais, evitar longos períodos em pé ou sentado, perda de peso (se necessário) e estímulo às atividades físicas aeróbicas regulares e o fortalecimento da musculatura da panturrilha.

Em casos de varizes muito grossas e com dores, deve-se recorrer ao tratamento cirúrgico.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. É uma doença que acomete mais os homens e é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. Pode ser classificado entre leve, moderado ou grave de acordo com a severidade e duração dos sintomas e sequelas.

Uma das causas é a privação de oxigênio nas células, que acaba ocasionando o AVC Isquêmico. Doenças cardíacas também podem ser outra causa. O AVC pode ser causado por coágulos que são formados no coração e podem migrar inclusive para o cérebro, causando oclusão de artérias e consequente isquemia local. Os próprios vasos intracerebrais podem ocluir localmente devido a aterosclerose focal. 

Outra causa de AVC é sangramento, ou seja, um vaso intracerebral pode romper e causar extravasamento de sangue. Neste caso o AVC é então hemorrágico.

A dificuldade de movimentação de braço ou perna do mesmo lado do corpo (hemiparesia) e, até mesmo a alteração da fala (dislalia) e de consciência são sinais do AVC.

A possibilidade de cura aumenta de acordo com o diagnóstico. Quanto antes ocorrer o diagnóstico e iniciar o tratamento específico, menores as chances de sequelas.

Galvão

Galvão