Cinema Icaraí, em Niterói, será reformado e usado para fins culturais
O Cinema Icaraí, fechado há mais de uma década, vai ser reformado e usado para fins culturais. Construído entre as décadas de 1930 e 40 em estilo Art Déco, o prédio é um ícone da Cidade Sorriso. Nesta terça-feira (9) realizada a entrega de chaves das mãos do reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega, para a Prefeitura de Niterói, através do secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão (Seplag), Axel Grael.
A reforma prevê a recuperação total do telhado, revitalização das fachadas, com recomposição do modelo original, bem como dos pisos, paredes e tetos, além da troca de esquadrias, instalações elétricas, hidráulicas e de transmissão de dados. O local será também a sede da Orquestra Sinfônica Nacional. Axel Grael explicou que, nas próximas semanas, se reunirá com equipes da Emusa e com representantes da UFF para falarem sobre o projeto de reforma.
“Recebemos do reitor a chave e, agora, nossa tarefa é definir o conceito do espaço, analisar toda a documentação, preparar o nosso projeto e iniciar as obras de reforma. A ideia inicial é que o novo espaço tenha mais de uma sala de cinema entre outras instalações como uma área exclusiva para as atividades da Orquestra Sinfônica Nacional (OSN)”, disse Grael. A partir desse trabalho, serão definidos os prazos para início e conclusão das obras.
O secretário municipal de Cultura, Marcos Gomes, fez questão de ressaltar a importância desta parceria para a cidade.
“Esse momento consolida, mais uma vez, essa parceria que existe pela cidade entre a Prefeitura e a UFF. Essa parceria está acontecendo de maneira histórica, que demarca um novo momento para Niterói, na maneira de ver a cidade tanto por parte da universidade como da Prefeitura. Recuperar esse patrimônio é o nosso compromisso”, enfatizou.
Neste acordo entre a Prefeitura de Niterói e a UFF, outra contrapartida firmada é a obra de conclusão do novo prédio do Instituto de Artes e Comunicação Social (Iacs), no Campus do Gragoatá.
“Entrego a chave para a Prefeitura dentro deste grande acordo, que é uma grande parceria sobre cultura, cinema e arte de um modo geral. Estamos aqui hoje para, mais uma vez, celebrar o fato de que com esta parceria, a gente possa sempre comemorar os grandes feitos”, enfatizou o reitor Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega. “Tenho certeza de que, a partir de agora, a Prefeitura, com toda sua capacidade de realização, rapidamente fará o cinema ganhar forma e estar de novo aberto para a população. E nosso Iacs também será entregue para toda a comunidade. O importante é que somos todos Niterói, somo todos UFF”, acrescentou.
Trajetória cultural
Niterói foi uma das primeiras cidades brasileiras a ter projeção de filmes em 1897, quando os cinematógrafos itinerantes usavam para projeções as paredes das construções ou telas improvisadas ao ar livre. Como aconteceu em 1907, no Jardim Icaraí, hoje Praça Getúlio Vargas, o Cinematógrafo Icarahy. Em 1916, as exibições de filmes no bairro de Icaraí adquiriram sua primeira sede, com a construção de uma casa na mesma área do atual prédio do Cinema Icaraí. Somente na década de 1940 essa casa foi demolida, dando lugar à construção do prédio atual.
Durante décadas referência cultural da Zona Sul de Niterói, o Cinema Icaraí foi inaugurado em 1945, ao lado do antigo cassino Icaraí. Tombado pelo município em 2001, e pelo Estado em 2008, o edifício com quatro pavimentos é compacto e sua fachada principal se destaca pela projeção dos dois pavimentos superiores sobre o plano dos dois inferiores, e pela varanda, que também faz o papel de marquise, com sua forma modernista.
A construção apresenta elementos decorativos próprios de um art déco tardio e simplificado. A plateia possui decoração simples e juntamente com o balcão, localizado no andar superior, tem uma capacidade de 811 lugares. A tipologia na fachada era peculiar aos cinemas de sua época, onde a influência dos modismos hollywoodianos se faziam presentes.
O Cine Icaraí encerrou suas atividades em 2006 quando era administrado pelo Grupo Severiano Ribeiro. Ficou fechado desde então. Considerado o último remanescente dos chamados “cinemas de rua” em Niterói, em 2001, foi desapropriado e incorporado ao patrimônio da Universidade Federal Fluminense.