Consulta popular relâmpago causa repercussão

Consulta popular relâmpago causa repercussão

A decisão do prefeito Johnny Maycon de submeter a uma consulta popular relâmpago a destinação do terreno do Suspiro que, por lei, já estava destinado ao complexo multicultural Bima (Biblioteca Internacional Machado de Assis) vem causando perplexidade dentro e fora de Nova Friburgo. 

Com o título “Boicote da prefeitura ameaça biblioteca smart de Friburgo”, o site de notícias “Toda palavra”, com foco nos acontecimentos de Niterói e do Rio de Janeiro, também questionou a súbita mudança de direção. A reportagem lembra que  “depois da tragédia vivida com enchentes e deslizamentos em 2011, a cidade de Nova Friburgo quer renascer para o futuro, e se apóia na cultura para trazer a autoestima de volta aos friburguenses”.

Através de um manifesto, ex-integrantes do Conselho Municipal de Política Cultural  também se posicionaram. Eles afirmam que a Bima é fruto de uma ampla discussão com a sociedade através de consulta pública, de duas reuniões com o conselho (que aprovou o projeto) e com artistas da  cidade, além de ter passado por audiência pública na Câmara de Vereadores e ser objeto da  Lei Municipal 4.857.

 “É um empreendimento com o potencial de  transformação de toda a cultura da Região Serrana  e conta com o apoio do Unicef, já tem verba aprovada para o projeto executivo através de doação da Alerj e, mais importante, tem o apoio dos artistas e de ampla parcela da população da cidade”, afirma o texto. 

O manifesto estranha ainda que,  além de listar como alternativas à Bima uma praça da cerveja ou um “difuso espaço para eventos”, a consulta permite ainda uma quarta opção, que é uma sugestão do que fazer no espaço: “Ou seja, pode ser qualquer coisa. Foi com profunda tristeza e perplexidade que nós recebemos essa notícia. Além de um desrespeito ao que já foi aprovado por representantes da população, a consulta permite todo tipo de manipulação, à medida que se pede para participar da ‘consulta’ um endereço de email válido. Uma pessoa do Acre pode votar”, critica.

E o manifesto vai além: “Podemos ter uma pista de skate, um estande de tiro, um centro de orações ou qualquer outra coisa que a imaginação queira. E tudo isso sem projeto e sem discussão com a sociedade! Cria-se, desta forma, uma falsa sensação de democracia. Entretanto, democracia é um processo e não se resume a uma consulta metodologicamente ruim. Democracia pressupõe respeito ao acordado, a discussão de forma equânime das ideias e o respeito a necessária isenção do poder público na condução deste processo”, diz a nota assinada pelos ex-conselheiros Jorge Ayer, Sergio Prata, Lia Caldas, Gero Band, Catherine Beltrão, Eliane Santos e Paula Tavares.

Para os ex-conselheiros, a foto de uma caneca de chope na página da prefeitura  já quebra a impessoalidade necessária e obrigatória em toda ação pública. “Não somos contra a Praça do Chope, mas o projeto precisa ser apresentado e discutido. Acreditamos que existem locais no entorno da praça que podem receber esta praça. Desejamos, inclusive, no dia da inauguração da Bima, comemorarmos tomando uma cerveja  nesta praça. Da forma como está posta a consulta, entre o livro e a cerveja ficamos com o livro e com a cultura”, encerra a nota. 

Esta terça, 2, é o último dia para votar. A prefeitura informa que só divulgará o resultado no final. A consulta relâmpago começou na última terça, 26, no mesmo dia em que foi anunciada e em plenas férias escolares, dificultando a participação de estudantes, professores e agentes culturais. A participação pela internet se dá através do site www.novafriburgo.rj.gov.br.

A Voz da Serra

Galvão

Galvão