Mais de 65% dos municípios brasileiros enfrentam falta de medicamentos básicos nas farmácias
A falta medicamentos foi registrada nas farmácias básicas de 65,2% dos municípios brasileiros. É o que revela a 2ª edição do levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre o tema. A pesquisa foi aplicada no período de 1º a 29 de agosto, quando foram ouvidos 3.178 Prefeituras, que representam 57,1% dos Entes.
Entre os medicamentos, há falta de antibióticos do componente básico em 89,4% dos municípios respondentes e medicamentos para transtornos respiratórios do componente básico em 55,2%. Outros itens como medicamentos para o sistema nervoso do componente básico 41,9%; Medicamentos para o sistema nervoso do componente especializado 41,7%; anti-hipertensivos do componente básico 40,5%; medicamentos para controle da diabetes do componente básico 33,4%; e 23,7% dos Municípios responderam que ainda faltam outros medicamentos.
Em relação ao prazo para normalização dos estoques de medicamentos do componente básico, 57% das gestões indicaram que não há prazo para normalização, e 27% informaram que a normalização dos produtos deve ocorrer entre 30 e 60 dias; já 14,5% dos Municípios informaram que não há desabastecimento.
Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, este é um problema crônico. “É claro que não podemos negar que ainda podemos sentir os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia, mas não podemos justificar a omissão da área pública para resolver esse que é um problema gravíssimo e já se tornou crônico”, afirmou.
Alto custo
Além da falta de medicamentos em serviços que cuidam das questões básicas ou menos complexas, a CNM também questionou se faltavam medicamentos nas farmácias de alto custo, para os quais a responsabilidade pela aquisição e distribuição para os Entes municipais é dos Estados e da União.
Na maioria, em um total de 60,4% dos Municípios, há desabastecimento desses medicamentos. Referente ao prazo para normalização dos estoques de medicamentos do componente especializado, 65,5% das administrações locais indicaram que não há definição para a normalização, enquanto 15,2% informou que a normalização dos produtos se dará em até 30 dias.
Comparativo
Em comparação ao primeiro levantamento, a segunda edição da pesquisa sobre o desabastecimento farmacêutico nos Municípios alcançou 3.178 Municípios, ou seja, 1.653 Municípios a mais do que a primeira edição.
Percebe-se que o percentual de 81,4% dos Municípios que sofriam por desabastecimento reduziu para 65,2%, podendo indicar uma melhora no cenário nacional. Contudo, a perspectiva de normalização dos estoques ainda não tem data definida para 57% dos Municípios que relataram falta no componente básico, e 65,5% nos Municípios que relataram falta no componente especializado.
A situação preocupa a CNM, pois pode afetar a população quanto ao controle de doenças crônicas, como diabetes, por exemplo, e a recuperação de quadros infecciosos que exigem o uso de antibióticos, sendo que quadros clínicos leves podem gerar complicações e levar ao aumento das demandas por internação hospitalar.