Perturbação do sossego foi assunto em audiência pública

Perturbação do sossego foi assunto em audiência pública

A perturbação do sossego público foi assunto de uma audiência pública, realizada na Câmara Municipal, no último dia 18, que teve como propósito o diálogo entre os empresários e demais envolvidos na produção de eventos e moradores do entorno dos locais onde essas produções são realizadas. A ideia é elaborar um novo Código de Posturas, que não prejudique ninguém. Na ocasião, estiveram presentes, além de representantes do setor de eventos, moradores de Olaria, que se sentem prejudicados com a falta de limites de horário de altura do som dos eventos na Via Expressa, além de segurança pública no entorno; os das ruas Monte Líbano e Dante Laginestra, no Centro, cujos bares excedem o horário e volume do som; e o presidente da Associação de Moradores da Vila Amélia, onde as pessoas já estão se sentindo preocupadas com os prejuízos que os eventos no Suspiro poderão ocasionar.

Mas não são somente os moradores da Vila Amélia que se sentem prejudicados com os eventos, empresários e moradores do entorno do Suspiro estão preocupados. De acordo com Ruan Rodrigues, do Restaurante Crescente, ao lado do terreno, onde os eventos são realizados, além do estacionamento de carros em frente às garagens dos moradores, o som alto e sem horário para acabar é o que mais prejudica. 

“Em um evento à noite, é muito mais complicado conseguir a remoção de carros estacionados em locais proibidos. Mas, sem dúvida, de todas as consequências que temos sentido, a pior delas é com relação ao som. O palco é superdimensionado, com uma projeção de som muito forte e prejudica o sossego dos moradores. No caso do Crescente, pela proximidade, os vidros vibram com o som. Isso impacta no nosso ambiente, atrapalha e, muitas vezes, impede o trabalho de maneira geral, como foi o caso de um festival de costela, onde fizeram uma vala com carvão no chão, gerando muita fumaça. Os funcionários da cozinha começaram a passar mal e não puderam trabalhar”, relatou ele.

Outras pessoas receosas com o resultado da consulta pública da prefeitura sobre a destinação do terreno do Suspiro são as que adquiriram imóveis do edifício Sílvio Ruiz, em construção no espaço do antigo Colégio Modelo. De acordo com o diretor da Engeprimus, Gabriel Ruiz, responsável pela obra, alguns futuros moradores estão receosos. “O interesse de qualquer friburguense é que haja uma destinação para um turismo de qualidade para nossa cidade e região”, disse ele.

O empreendimento começou a ser erguido em 2020. O que for escolhido para ser realizado no Suspiro, impactará diretamente aos proprietários das 80 unidades, entre lojas, salões, salas, apartamentos e coberturas. “Na verdade, o empreendimento está 100% vendido. Graças a Deus foi um sucesso de vendas. Mas entendemos que o local merece algo melhor do que um local de festas. Com certeza um ponto turístico como a Praça do Suspiro precisa de uma destinação que traga turismo de qualidade para a cidade”, acredita ele.

Audiência pública

Na audiência sobre perturbação do sossego, proposta e presidida pelo vereador Welligton Moreira, vários moradores relataram que são a favor de que aconteçam eventos desde que, com limites de volume e horário em áreas próximas às residências. Assim como os profissionais do setor de eventos, que empregam entre quatro mil e sete mil pessoas diretamente, falaram também da necessidade de trabalhar, depois de dois anos parados, devido à pandemia. E que é difícil realizar eventos com limites de horários e fora do centro urbano. Para o vereador, a participação dos cidadãos é fundamental na escolha da destinação do espaço na Praça do Suspiro.

 “Apoio qualquer iniciativa em que a população participe e decida sobre as realizações do poder público. Ela sempre deve ser ouvida. Todas as opções só farão bem para a cidade, gerando renda e emprego, além de fomentar o turismo. Os eventos também são importantes para a cidade e para nossa economia, só é necessário que se estabeleça regras que organizem melhor o local do evento e que o entorno e o pós- evento sejam mais fiscalizados e policiados”, disse Moreira.

Ruan Rodrigues observou que, na audiência pública, muitas pessoas questionaram os limites dos eventos, com consequências iguais ao que se tem aqui e as respostas das autoridades foram que concordam que os eventos são muito importantes para o turismo. “Concordo, mas existem elementos falhos para manter a ordem. É complicado autorizar ou fazer eventos no local, onde não se consegue gerir e colocar ordem. A consulta pública é uma forma de tentar eximir a prefeitura de qualquer ônus por conta dos insatisfeitos, já que a decisão passou a ser da população. Claro que cada um tem uma visão do que pode ser feito, mas os mais impactados são os que estão no seu entorno e isso deveria ser levado em conta”, destacou Ruan.

Ele ainda relata “que a consulta pública envolve três opções, das quais apenas uma tem projeto constituído, já teve investimento da prefeitura e já captou recursos, que é a biblioteca. A população está sendo convidada a votar numa carta branca para constituir uma praça de evento, um Bier Garden, que ninguém sabe como será desenvolvido. Não foi esclarecida a forma como acontecerá.”

Ruan informou também que, assim como outros comerciantes, o Restaurante Crescente é um dos contribuintes da Praça do Suspiro, com pagamento mensal para que a praça esteja sempre limpa, arborizada e com flores. “Cuidamos do entorno, como o ponto de ônibus em frente ao restaurante, que não tinha banco. Víamos as pessoas cansadas, esperando o ônibus, sem ter onde sentar e nós colocamos o banco. Queremos continuar fazendo, colaborando em defesa das pessoas que aqui moram e que sempre viveram em harmonia com o trabalho que  desenvolvemos. Se vem outros para realizar trabalhos aqui, serão bem vindos, desde que respeitem o espaço dos outros que já estavam aqui”, finalizou ele. 

A Voz da Serra    

Galvão

Galvão