Turismo questiona edital que vai definir empresa que comandará aeroporto

Turismo questiona edital que vai definir empresa que comandará aeroporto

O Trade Turístico de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, se manifestou por meio de sua assessoria, na internet, contra um edital que vai definir a empresa que comandará pelos próximos 26 anos o Aeroporto Internacional da cidade.

Os representantes de entidades ligadas à área apontam falhas e benefícios para o ramo offshore (ligados à indústria de petróleo e gás) e cobram mais atenção para o setor de turismo por parte do Executivo.

As principais entidades de Cabo Frio, como a Associação de Hotéis e o Convention Bureau, se uniram para acompanhar o edital e, por meio de um ofício protocolado, fizeram algumas sugestões ao poder público. O objetivo é garantir uma receita maior para o município com essa nova concessão.

De acordo com o trade, o atual edital redigido pela prefeitura está recebendo consultoria de uma empresa que estaria interessada em vencer o leilão, com o foco principal nas atividades offshore.

O grupo afirma ainda que, a empresa é a mesma que opera o aeroporto de Campos dos Goytacazes, reconhecidamente especializada em voos offshore, não atendendo às demandas de turismo, lazer e transporte de passageiros.

Os representantes informaram que entendem a importância deste público para economia da cidade, mas destacam que “existe também a necessidade de reforçar os voos comerciais para o futuro do turismo na cidade, gerando fonte de renda, recursos e trabalho para vários seguimentos”.

“Ao longo do ano, foram feitas diversas tentativas de aumentar o número de voos. Precisamos, com urgência, de voos regulares de Belo Horizonte, São Paulo, Campinas, Buenos Aires e outros destinos emissores. Necessitamos não só da constância e manutenção destes voos, mas também de tarifa competitiva. Para nós, do trade turístico, esse é um dos motivos de até hoje não termos estes voos regulares na cidade. Falta expertise da empresa que controla o aeroporto atualmente”, afirmou Carlos Cunha, presidente da Associação de Hotéis de Cabo Frio.

O trade pede também transparência e imparcialidade no processo:

“Temos uma chance de ouro para mudar essa história. Porém, o edital está sendo redigido com o auxílio de outra empresa que tem o interesse de administrar o aeroporto. Ou seja, uma futura concorrente está ditando as regras dos requisitos que todos deverão seguir. Esta prática não é ilegal, porém, no mínimo é imoral e fere o princípio de transparência e imparcialidade que deve reger a esfera pública”, completou Cunha.

Na tarde da quinta-feira, 12, o Executivo divulgou uma nota no site oficial, com detalhes de como todo o processo vai ocorrer. De acordo com o município, o aeroporto vai passar por um novo leilão para captar mais de R$ 150 milhões em investimentos. A prefeitura afirma que “providenciou estudos técnicos e está em fase final de elaboração do certame, com o objetivo de promover melhorias e ampliações para a aviação civil, a indústria do petróleo e gás, incluindo o setor turístico”.

Pelas regras do leilão, será vencedora a empresa que oferecer o maior valor de outorga, com mínimo estipulado a partir de R$ 11 milhões, além de arcar com os investimentos na ordem de R$ 143 milhões que serão aplicados no Terminal de Passageiros e na infraestrutura geral, como obras na pista e na torre de controle, além de melhorias na rodovia de acesso ao aeroporto.

O município disse ainda que, atualmente, 77% das receitas geradas são oriundas dos voos relacionados à indústria petrolífera.

Com os investimentos no Terminal de Passageiros e as melhorias para a aviação civil, “a ideia é equilibrar a balança”.

“Os investimentos na ampliação do Terminal de Passageiros, e também na estrutura do aeroporto como um todo, vão colaborar de forma determinante para o desenvolvimento da aviação civil e do turismo em Cabo Frio e em toda a região, além de aumentar a capacidade de arrecadação com o incremento da indústria offshore”, afirmou o presidente da Comissão de Concessão do Aeroporto, Telson Barros.

A prefeitura não emitiu uma posição sobre os questionados feitos pelo trade a respeito do pedido de mais transparência e imparcialidade do processo.

A reportagem também solicitou um posicionamento para a atual gestão do aeroporto sobre a afirmação do trade referente à “falta de expertise da empresa que controla o aeroporto atualmente”, e aguarda resposta.

Sobre o aeroporto

O Aeroporto Internacional de Cabo Frio foi inaugurado em 1998, sendo o primeiro aeroporto público com gestão privada do Brasil.

Após a ampliação da pista, em 2010, passou a ser a segunda maior do Estado do Rio de Janeiro, perdendo apenas para o Aeroporto do Galeão, localizado na capital.

Nas Olimpíadas de 2016, também desembarcaram no aeroporto cabo-friense os materiais esportivos utilizados pelas mais diversas seleções mundiais.

Atualmente, empresas realizam voos comerciais de passageiros e também os comerciais de cargas.

Além disso, o aeroporto recebe voos internacionais fretados, incluindo offshore, com helicópteros para as plataformas de petróleo.

De acordo com a gestão, a pista está localizada estrategicamente não só para a atividade turística na Costa do Sol, mas também para o desembarque de insumos e implementos para a indústria de óleo e gás.

Avião de grande porte no aeroporto

O segundo maior avião de carga civil do mundo aterrissou no Aeroporto Internacional de Cabo Frio, em 2021.

O Antonov AN-124-100 é um mega cargueiro que trouxe 40 toneladas de carga para a indústria com destino a Macaé, no Norte Fluminense.

O aeroporto é habilitado para operar grandes aeronaves cargueiras e tem capacidade de movimentar 570 mil passageiros por ano em seu espaço.

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