História do Forte São Mateus é repatriada após 72 anos de ausência, em Cabo Frio

Sete décadas após ter sido levado da Praia do Forte, um antigo canhão que integra o patrimônio histórico de Cabo Frio finalmente voltou para casa. O artefato, peça marcante da trajetória militar e da formação territorial do município, foi repatriado por meio de uma ação coordenada pela Secretaria da Cidade. A iniciativa teve suporte técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e contou com o engajamento direto da Prefeitura de Cabo Frio.
A operação de transporte e recuperação levou quase meio dia para ser concluída. O canhão chegou ao pátio da Companhia de Serviços de Cabo Frio (Comsercaf) já à noite, onde passará por cuidados técnicos preliminares antes de iniciar o processo de restauração. A medida visa preservar sua integridade física para reintegrá-lo ao acervo histórico da cidade.
Segundo registros do IPHAN, o canhão foi retirado do litoral cabo-friense em 1953 por um grupo de estudantes do extinto Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas. Durante uma excursão, os alunos — com apoio do professor Guedes e do motorista responsável — içaram a peça e a levaram para Nova Friburgo, na Região Serrana. Lá, o artefato permaneceu por décadas exposto em um pedestal no jardim do colégio, transformando-se em um símbolo regional.
Com o fechamento do colégio em 1977, o canhão foi transferido temporariamente para o Clube de Regatas do Flamengo, na sede da Gávea. Com a posterior reabertura da instituição de ensino, a peça retornou a Nova Friburgo. Agora, em 2025, após 72 anos de ausência, o canhão enfim retorna ao seu local de origem.
Uma vistoria recente feita pelo IPHAN atestou o desgaste do objeto e recomendou sua limpeza, restauração e devolução à cidade de origem. A demanda, há anos defendida por historiadores e pela gestão municipal, tornou-se prioridade do atual governo, liderado pelo prefeito Dr. Serginho e o vice-prefeito Miguel Alencar. Para eles, trata-se de uma correção histórica — um gesto de reparação simbólica pelo apagamento cultural sofrido por Cabo Frio desde a década de 1950.
Segundo Alencar, o retorno do canhão representa mais do que a reintegração de uma relíquia ao acervo municipal. É um reencontro com a identidade coletiva da cidade.
“Esse canhão carrega memórias e representa uma parte viva da nossa história. Ele testemunhou momentos-chave da construção da cidade. Trazer esse símbolo de volta é um ato de respeito à nossa herança cultural. Cabo Frio precisa se ver refletida em seu passado para construir um futuro com pertencimento”, declarou o vice-prefeito.
A Prefeitura agendou para a próxima quinta-feira (8) um evento especial em celebração ao retorno do canhão. Mais do que uma cerimônia, a ocasião marcará a restituição de um marco cultural, um símbolo resgatado da memória e agora reinserido no presente cabo-friense como parte do esforço de valorização histórica promovido pela gestão atual.
O retorno do canhão não é apenas o resgate de um bem patrimonial. É a reaproximação de Cabo Frio com sua própria narrativa — uma peça que pertence tanto ao ontem quanto ao amanhã da cidade.